Protocolos para Atendimento Clínico Psicológico 

1. Primeira Consulta/Triagem/Acolhimento

  • Objetivo: Avaliar a demanda do paciente, apresentar o setting analítico (ou terapêutico de base psicanalítica), esclarecer dúvidas e definir a continuidade ou encaminhamento.
  • Procedimento:
    • Agendamento: A secretária realiza o agendamento, coletando dados básicos de contato.
    • Acolhimento Inicial: Receber o paciente em um ambiente acolhedor e sigiloso.
    • Escuta da Demanda: Permitir que o paciente apresente livremente o motivo que o trouxe à clínica.
    • Identificação de Necessidades: Avaliar se a demanda do paciente se alinha com plano terapêutico e outros encaminhamentos para médicos quando necessário.

Aspectos Práticos:

  • Para Pacientes Particulares: agendamento com a triagem e encaminhamento para o profissional conforme horário da agenda Os valores serão combinados diretamente com o psicólogo que irá informar ao administrativo. O profissional também apresenta as formas de pagamento e política de faltas/desmarcações. Confirmar a frequência e horários.
  • Para Pacientes de Convênio: Explicar o processo de autorização do convênio, número de sessões liberadas e esclarecer que a clínica não interfere no número de sessões liberadas pelo convênio. 

2. Contrato Terapêutico/Analítico

Formalização dos termos do atendimento.

  • Objetivo: Estabelecer as bases da relação terapêutica, garantindo transparência e clareza.
  • Conteúdo (verbal e termo simples):
    • Frequência e Duração das Sessões: Quantas vezes por semana e quanto tempo dura cada sessão.
    • Pontualidade: Importância da pontualidade e suas implicações.
    • Política de Faltas/Desmarcações:
      • Particulares: Deixar claro que quando o paciente não comparecer à consulta e não avisar com 48 horas de antecedência o não comparecimento, ele terá responsabilidade financeira com a reserva de horário. O valor será acordado entre paciente e profissional e posteriormente informado ao administrativo.
      • Convênio: Explicar que as sessões faltadas não podem ser cobradas do convênio e que o número de sessões autorizadas é limitado, portanto, faltas reduzem o aproveitamento do benefício, como também não isenta do pagamento da reserva de horário. 
    • Honorários (Particulares): Valor da sessão, data e forma de pagamento.
    • Sigilo Profissional: Reforçar a confidencialidade do conteúdo das sessões, exceto nas exceções previstas pelo Código de Ética (risco grave a si ou a terceiros, ou determinação judicial).
    • Emergências: Orientar o paciente sobre como proceder em caso de emergências psíquicas fora do horário da sessão.

 

3. Condução do Processo Psicanalítico: Etapas do Processo Terapêutico na Psicoterapia Breve

1. Fase de Avaliação e Delimitação do Foco (Início)

Esta é uma das fases mais importantes e intensas da psicoterapia breve. É nela que a “brevidade” começa a ser construída.

  • Objetivo: Compreender a demanda principal do paciente, estabelecer a aliança terapêutica, definir o foco do tratamento e traçar os objetivos terapêuticos.
  • Características:
    • Anamnese e Escuta Inicial: O terapeuta coleta informações sobre a história do paciente, o problema atual, seus sintomas, o impacto na sua vida e suas expectativas. A escuta deve ser ativa e direcionada.
    • Definição do Foco Terapêutico: Diferente da psicoterapia de longo prazo, onde o foco pode ser mais amplo, na psicoterapia breve é crucial delimitar uma questão central ou um conjunto de problemas interligados que serão o eixo do trabalho. Isso pode envolver um sintoma específico (ex: crises de ansiedade), uma dificuldade interpessoal (ex: problemas em relacionamentos) ou uma situação de crise (ex: luto recente, adaptação a uma nova fase da vida).
    • Contrato Terapêutico: Estabelecer com clareza o tempo estimado (número de sessões ou período, ex: 12 a 20 sessões, 3 a 6 meses) e a frequência das sessões. Também se definem regras sobre faltas, atrasos e honorários.

Nos convênios estas informações estão no Plano Terapêutico

  • Aliança Terapêutica: O terapeuta busca construir  um vínculo de confiança e colaboração com o paciente. A motivação e o engajamento do paciente são fundamentais para o sucesso da psicoterapia breve.
  • Avaliação de Indicadores de Brevidade: O terapeuta avalia se o caso é adequado para a psicoterapia breve (ex: paciente com boa capacidade de insight, problemas mais circunscritos, boa resposta prévia a intervenções, etc.). Para isto o profissional pode utilizar o documento chamado “Indicadores de Psicoterapia Breve” 
  • Aqui exemplificada: 

 

Indicadores e Avaliação/Acompanhamento – Focal e Breve

Paciente:                                                       Conv/ Part:

Idade:                       Sexo:                            Cidade:                         Psicólogo: Fátima

CID:                           DUT:                                   Evolução:

Data 1ª Consulta: ____________  Previsão de Término: _______ Data última sessão __________ 

Queixa: 

Foco:

Urgência:

Meta curto prazo(sintomas e melhores defesas):

Outras metas: 

Defesas mais utilizadas:

Ansiedades Predominantes:

Outros Profissionais:

Impressões do Acolhimento:

Motivação (1-5):

Insight (1-5):

Defesas (1-5):

Sintomas Ego distônico (1-5):

Força de Ego (1-5)

Estrutura Familiar (1-5):

Relações Objetais (1-5):

Planejamento :

Indicação de Psicoterapia Breve (1-10):

(Ego forte, capacidade de estabelecer relações objetais e tolerar a separação ao finalizar a terapia, plasticidade de defesas.)

 

2. Fase de Intervenção e Elaboração (Meio)

Uma vez que o foco e os objetivos estão estabelecidos, o trabalho terapêutico se aprofunda.

  • Objetivo: Trabalhar intensamente no foco definido, utilizando técnicas específicas da abordagem para promover insights, mudanças e alívio dos sintomas.
  • Características:
    • Atividade do Terapeuta: Na psicoterapia breve, o terapeuta tende a ser mais ativo e diretivo do que em terapias de longo prazo. Ele pode propor tarefas, fazer questionamentos mais diretos, e guiar a discussão para manter o foco.
    • Intervenções Focadas: As intervenções são constantemente direcionadas ao foco. Na psicoterapia breve psicodinâmica, por exemplo, o terapeuta pode usar interpretações focais, pontuações e clarificações que buscam relacionar os sintomas atuais a padrões de funcionamento passados ou conflitos específicos.
    • Promoção de Mudanças: O objetivo é que o paciente desenvolva novas formas de lidar com o problema, adquira recursos e habilidades para enfrentar desafios e promova mudanças concretas em sua vida.
    • Reavaliação Contínua: O progresso é monitorado constantemente, e o plano pode ser reajustado se o foco inicial se mostrar menos relevante ou se novas prioridades surgirem, sempre dentro do limite de tempo acordado.

3. Fase de Consolidação e Encerramento (Final)

A fase de encerramento é crucial para garantir que os ganhos terapêuticos sejam integrados e para que o paciente se sinta capaz de seguir adiante.

  • Objetivo: Consolidar as mudanças adquiridas, trabalhar a questão do desligamento e preparar o paciente para lidar com futuros desafios de forma autônoma.
  • Características:
    • Preparação para o Término: O encerramento não é abrupto; ele é planejado e discutido com antecedência. Isso permite que o paciente elabore os sentimentos relacionados à separação e à autonomia.
    • Revisão dos Ganhos: O terapeuta e o paciente revisam os objetivos iniciais e avaliam o que foi alcançado. Destacam-se as mudanças, os aprendizados e os recursos internos que o paciente desenvolveu.
    • Generalização dos Aprendizados: Estimular o paciente a aplicar as estratégias e insights adquiridos em outras áreas de sua vida e em futuras situações desafiadoras.
    • Prevenção de Recaídas: Discutir possíveis obstáculos futuros e como o paciente pode lidar com eles, fortalecendo sua resiliência.
    • Despedida e Encerramento Formal: Realizar a última sessão com uma despedida que celebre os progressos e reconheça a jornada percorrida.
    • Disponibilidade para Retorno: Deixar a porta aberta para que o paciente retorne para novas sessões no futuro, se sentir necessidade (ex: “sessões de manutenção” ou para novos focos)

 

4. Registro e Prontuário Psicológico

A organização da documentação é uma obrigação ética e legal.

  • Objetivo: Manter um registro fiel e sigiloso do processo, garantindo a continuidade do cuidado e a segurança jurídica.
  • Procedimento:
    • Evolução Clínica: Registrar as sessões de forma concisa, focando em pontos relevantes para a compreensão do caso, intervenções realizadas e evolução do paciente. Evitar o registro literal de falas, priorizando a análise e síntese clínica.
    • Confidencialidade: Assegurar que os prontuários sejam armazenados em local seguro e de acesso restrito. Neste momento é assegurado pela plataforma online onde os prontuários estão sendo evoluídos. 
    • Identificação: Cada registro deve conter a data da sessão e a identificação do profissional.
    • Para Convênios: Além da evolução clínica, preencher quaisquer formulários específicos exigidos pelo convênio (ex: plano terapêutico resumido, relatórios de evolução para prorrogação de sessões), sempre com linguagem técnica e ética, respeitando o sigilo.

5. Supervisão Clínica

Prática essencial para o aprimoramento profissional.

  • Objetivo: Discutir casos clínicos com um supervisor experiente para aprofundar a compreensão, identificar pontos cegos e garantir a qualidade ética e técnica do atendimento.
  • Procedimento:
    • Participação regular em supervisões individuais ou em grupo, com profissional qualificado
    • Apresentar casos mantendo o sigilo da identidade do paciente.

6. Desligamento do Paciente

O término do processo terapêutico, seja por alta ou interrupção.

  • Objetivo: Concluir o tratamento de forma ética e elaborada, permitindo ao paciente integrar os ganhos terapêuticos e ao terapeuta fechar o processo.
  • Procedimento:
    • Discussão sobre o término: O término deve ser um processo conversado e elaborado com o paciente, não uma interrupção abrupta.
    • Avaliação dos Ganhos: O terapeuta e o paciente podem discutir os progressos alcançados e as ferramentas desenvolvidas.
    • Encaminhamentos (se necessário): Se o paciente necessitar de outros tipos de suporte ou continuar com demandas que a psicanálise não aborda, o encaminhamento deve ser feito.
    • Prontuário: Finalizar a evolução do prontuário com o registro do encerramento e os motivos.
    • Para Convênios: Observar as regras do convênio para encerramento de prontuário e possíveis novos pedidos de autorização.

O profissional quando der alta ou tiver interrupção deve informar ao administrativo a liberação do horário para que possa ser levado como possibilidade de novo agendamento de paciente. Caso o profissional não informe os horários livres estes continuarão como ocupados e serão cobrados os respectivos repasses financeiros a clinica. 

7. Particularidades para Atendimento de Convênio

Além do que já foi mencionado, é vital:

  • Burocracia e Documentação: Estar ciente das exigências específicas de cada convênio (solicitações de autorização, relatórios, prazos, faturamento). O psicólogo deve se informar sobre os requisitos do convênio e comunicá-los ao paciente.

 

Referências 

O link principal para os PCDTs é:

  • Portal Gov.br – Ministério da Saúde – Assuntos – Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT:

Neste link, você encontrará uma lista dos PCDTs organizados por doença ou condição, com as portarias que os aprovam e, muitas vezes, links para o documento completo em PDF.

Outro local importante para consulta é o portal da CONITEC:

  • CONITEC – Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas:

 

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